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12 AGO Linguagem neutra: entenda o debate sobre o uso de pronomes ‘sem gênero’

Linguagem neutra: entenda o debate sobre o uso de pronomes ‘sem gênero’


Olá, alunes! Estão todes bem? Que tal reunir amigues para debater um assunto polêmico, mas que pode te ajudar a criar repertório para a redação do Enem ou do vestibular: a chamada linguagem neutra?

Você já deve ter visto por aí que algumas pessoas propõem o uso de uma terceira letra para trazer representatividade a quem não se sente contemplado pelos gêneros masculino ou feminino. Os chamados pronomes neutros, muito embora não sejam aceitos pela norma culta, são um fenômeno que tem o propósito de alterar o idioma para incluir todas as pessoas. 

Quem defende essa forma de se comunicar adota grafias que desprezam o “A” no gênero feminino e o “O” no gênero masculino. A terceira letra, de acordo com essa visão, não identifica gênero e seria adequada para incluir nos discursos as pessoas que não se identificam com a binariedade (não se associam ao masculino nem ao feminino).

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Línguas latinas possuem fortes marcadores de gênero

As línguas latinas como o português e o espanhol caracterizam-se por haver distinção de gênero em substantivos, adjetivos, artigos e pronomes. Falamos, por exemplo, “alunos e alunas”, “garotos e garotas” e “eles e elas”. Uma outra característica da nossa língua, ainda, é que sempre adotamos o gênero masculino ao referir a algo genérico ou plural. Os alunos e alunas do Sigma, dessa forma, são simplesmente “os alunos”, assim como os professores e professoras são “os professores”.

É diferente do inglês, um idioma neutro que quase não possui marcadores de gênero. Professores, por exemplo, são “teachers”, independentemente do gênero com o qual se identificam. Alunos e alunas, por sua vez, são apenas “students”. Com exceção dos pronomes pessoais, grande parte das palavras da língua são únicas e representam a todos. 

A linguagem neutra é necessária?

 Para ativistas da chamada comunicação inclusiva, o debate sobre a linguagem neutra é importante para refletirmos sobre como a língua pode, de forma inconsciente, perpetuar valores, crenças e estereótipos sexistas ou que reproduzam desigualdades. Quando usamos generalizações como “os estudantes do Sigma são os melhores”, será que as mulheres e pessoas não-binárias se sentem representadas?

Tal escolha também seria importante por valorizar a diversidade e gerar discussões sobre a desigualdade de gênero em outras áreas. E fique atento: esse debate é importante para criar repertório e apoiar uma possível argumentação na redação do ENEM ou no vestibular. 

O que dizem os críticos da linguagem neutra?

Para os que questionam a linguagem neutra, um argumento para não usá-la  é que a norma culta da língua define como neutro o uso do gênero masculino em plurais e generalizações, o que eliminaria a necessidade de distinguir se são homens e mulheres. Defendem, ainda, que usar construções como “bom dia a todos e todas” seria pleonasmo, visto que o gênero masculino, pelas regras da língua, já impõe a possibilidade de serem homens e mulheres. 

Como não há consenso sequer entre quem defende os pronomes neutros sobre a melhor forma de usá-los, essa ainda é uma conversa longe de ser finalizada. Em provas e concursos, a recomendação é que você se mantenha fiel à norma culta, como é ensinada na escola e no cursinho.

Como usar a linguagem neutra sem ferir a norma culta?

Caso queira adotar formas neutras de se comunicar sem ferir as regras gramaticais, pense em alternativas como eliminar artigos e pronomes de gênero usados sem necessidade. Ao invés de dizer que “os alunos passaram no vestibular”, experimente “estudantes passaram no vestibular”. 

Outra possibilidade é fazer uso de substantivos neutros para referir-se a um grupo. “Os diretores” podem ser simplesmente chamados de “a diretoria”, concorda? E, por fim, pense um pouco mais sobre as construções verbais. Ao invés de dizer que “se os estudantes do Sigma forem bem preparados, vão passar no vestibular”, é possível usar “Com boa preparação, estudantes do Sigma vão passar no vestibular”. 

Não podemos ignorar que a linguagem é viva e se transforma ao longo da história. O pronome de tratamento “você”, por exemplo, deriva de “vosmecê”, que já não é mais usado. E palavras como denegrir ou criado-mudo já não são aceitas na comunicação por serem consideradas racistas. A linguagem acompanha a evolução e as mudanças da sociedade, por isso, é possível que no futuro o uso dos pronomes neutros seja incorporado formalmente pela língua portuguesa.